domingo, 31 de janeiro de 2016

“A maior delas é a caridade” (1Cor. 12,13)

“Atualmente permanecem estas três coisas: fé, esperança, caridade. Mas a maior delas é a caridade” (1 Cor. 12,13).
Esse é o centro da pregação de Paulo para a comunidade de Corinto. A caridade é o maior dom deixado por Jesus. O Pai deu ao Filho o dom maior do amor, a caridade. O próprio Paulo, no mesmo capítulo da carta aos Coríntios, afirma que “a caridade é paciente, é benigna; não é invejosa, não é vaidosa, não se ensoberbece; não faz nada de inconveniente, não é interesseira, não se encoleriza, não guarda rancor; não se alegra com a iniquidade, mas se regozija com a verdade. Suporta tudo, crê tudo, espera tudo, desculpa tudo. A caridade não acabará nunca” (1 Cor. 12,4-8).
Paulo afirma que tudo cessará. Todos os dons e carismas vão acabar. Nada permanecerá, somente a caridade. Fé e esperança podem arrefecer, mas a caridade, jamais. A caridade é a fonte de toda fé e de toda esperança. A caridade sustenta a fé e a esperança. Todo ministério eclesial deve ter em vista a caridade. Sem caridade, seremos apenas uma organização social. E nós não o somos, pois somos portadores de um tesouro grandioso (I Cor 4,7). E o transportamos em vasos de barro, por isso necessitamos da viver sempre a caridade.
Jesus, no capitulo 25 de Mateus deixou-nos a concretização da caridade. Disse ele: vinde benditos de meu Pai. Tive fome e me destes de comer; tive sede e me destes de beber; estava nu e me vestistes; estava doente e fostes me visitar. Era cativo, e fostes me ver. Era peregrino, e destes acolhida. Além da grande lição do ‘bom samaritano’. Este agiu com compaixão (caridade) para com quem ele não conhecia. 
A caridade é a fonte da vivência de toda misericórdia. Dar bom conselho; ensinar os ignorantes (tirar das trevas do não conhecimento de Deus); corrigir o que erra (mostrar que o caminho não é o que o irmão está tomando); consolar os tristes; perdoar as injúrias (até setenta vezes sete); suportar com paciência as fraquezas do próximo (“antes que o galo cante duas vezes, três vezes me negarás”; e ainda, “não fostes capazes de vigiar comigo uma hora?”); rogar a Deus pelos vivos e pelos defuntos.
Irmãs e irmãos, a Palavra de Deus deve nos conduzir ao encontro do Cristo, para que chegando até Deus possamos ir ao encontro daqueles e daquelas que necessitam da misericórdia do Pai. Sejamos portadores dessa esperança, sejamos mensageiros da caridade.

domingo, 24 de janeiro de 2016

A alegria do Senhor será a vossa força (Ne. 8,10)

Queridas e queridos irmãos, hoje somos chamados a meditarmos sobre nossa relação com a Palavra de Deus. Qual a atenção que damos ao que Deus nos fala através da Sagrada Escritura.
Na leitura do livro de Neemias, vemos o povo reunido desde o amanhecer até o meio dia. Um retiro espiritual diante da Palavra de Deus e daqueles que tinham a obrigação de conduzir espiritualmente o povo de Deus. Ouviam e eram instruídos.
Diz a leitura, os “que instruíam o povo, disseram a todos: 'Este é um dia consagrado ao senhor, vosso Deus! Não fiqueis tristes nem choreis'. Não fiqueis tristes, porque a alegria do Senhor será a vossa força'” (Ne. 8,9-10). Aquele dia, o dia de ouvir a Palavra, fora consagrado ao senhor Deus. Dia em que todo o povo foi ao encontro de Deus para livrar-se de toda tristeza e choro. Deus, rico em misericórdia, não quer ver seu povo acabrunhado, triste, choroso. Ele é um Deus que levanta, dá ânimo e coragem. Sua Palavra é restauradora de forças.
Dizia São Paulo, alegrai-vos no Senhor, sempre, alegrai-vos. E porque devemos nos alegrar, porque somos “todos juntos, o corpo de Cristo e, individualmente, sois membros desse corpo” (I Cor. 12, 27). E se somos parte do corpo, não podemos esmorecer. A pertença ao Corpo nos dá ânimo e coragem. Esperança. Força. Alegria. Estamos no corpo como membros, e por isso não podemos nos desligar do corpo.
E somos membro do corpo “para proclamar um ano da graça do Senhor” (Lc. 1,19). Quando Deus transforma e muda nossas vidas, somos convidados a proclamar as maravilhas que ele fez. E quem vive o ano da graça do Senhor sai em missão. Vai ao encontro do outro. Liberta cativos, restitui a visão aos cegos, anuncia a Boa nova aos pobres, “proclama um ano da graça do Senhor”.
Domingo passado éramos chamados de “alegria de Deus”. Hoje, aprendemos que a essa alegria é a nossa força. E se temos a força da alegria, devemos partir em missão. Ao término da missa, o diácono ou o padre diz: “A alegria do Senhor seja a vossa força, ide em paz e o Senhor vos acompanhe”.
Revista-se da força de Deus e parta em missão com alegria que o senhor veio ao seu encontro. Amém!

segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

“Tu és a alegria de teu Deus” (Is. 62,5d)

“Por amor de Sião não me calarei, por amor de Jerusalém não descansarei. Também tu és a alegria de teu Deus” (Is. 62, 1.5d.).
O Deus apresentado pelo profeta Isaias é um Deus profundamente humano. Um Deus que se coloca ao lado de cada um de nós; com ternura, amor, alegria, misericórdia.
Por que somos a alegria de Deus, ele nos ama, e este amor não permite que Ele se cale ou descanse enquanto a justiça não for feita para os seres humanos. Enquanto o resgate da graça original, perdida com o pecado original, não retorne ao homem. Fomos criados para vivermos na plenitude do amor de Deus. Mas Adão e Eva, nossos pais espirituais, romperam com esse amor. Mas Deus jamais rompeu a aliança de amor feita com o ser humano. Por isso, Isaias diz que “tu és a alegria de teu Deus”.
Desde a queda, Deus se colocou aos pés de sua criatura para que ela regressasse ao amor original. Ao estado de graça no qual homem e mulher vivam no “paraíso”. Para que retornem à justiça fundante da humanidade. Que voltem a harmonia pensada e querida pelo criador.
Quando alguém olha para outrem com olhar de amor, ternura, dedicação e misericórdia logo se coloca a serviço. Torna-se pronto para ajudar no resgate desta pessoa, pois vê a situação de injustiça (pecado), de desgraça em que a pessoa se encontra.
Assim é nosso Deus. Logo após a queda do ser humano ele se colocou pronto e disponível para trazer à humanidade a situação de justiça. Enquanto a humanidade não entender que em Deus está a justiça e salvação, ele não se calará e não descansará de estar ao lado dos seus.
Deixemos que a alegria do amor de Deus invada nossos corações. Afastemo-nos das mesquinharias do ciúme, da inveja, da discórdia, do medo, da ganância. De todo e qualquer pecado que nos faça olhar para o outro como rival. Deus é amor. Nós fomos criados no amor. O amor é nossa essência. Somos a alegria de Deus. E se Deus é nossa alegria, nada poderá nos afastar de amor de Deus por nós, disse São Paulo.

Lembre-se, “tu és a alegria de teu Deus”.